Lingua Materna

Estou seca. Oca. Eu persigo as palavras e elas me fogem. As palavras, elas não querem ser digitadas e deletadas em um instrumento tecnológico, mascaradas de um idioma estrangeiro opressor. As palavras, minhas amigas de priscas eras, tem um desejo: serem escritas e rabiscadas a caneta, ou lapis. Ate mesmo uma lapiseira. Em folha de papel. Caligrafia caprichada. Escrita em cursiva. Por-tu-gues. Ah, português, como quero lembrar de ti! Lembro que escrevia contos e mais contos na juventude. Sempre lendo o jornal porque queria ser jornalista. Trabalhar em um jornal, escrever artigos, ser independente. Uma mulher. Uma carreira. Uma realização. Lembro. Lembro como se fosse ontem. Mas aquela menina, não sei mais quem ela e.

Como mudei, e mudo. De um minuto para outro, me refaço. Da agua pro vinho, do romance para a ficção cientifica. Quantas versões de mim mesma serei capaz de inventar? Qual delas prefiro? Prefiro a ultima. Gosto de viver dias iguais sendo pessoas diferentes. Pois ora, se ate o mesmo livro muda a cada vez que e se lido, por que eu, de pele e osso e sem saber saber quantas paginas em branco ainda me restam, não vou mudar? Nunca entendi quem diz que nunca mudou. Com ate um certo orgulho na voz. Talvez mintam. Talvez tenham medo de ao mudar, por fim se encontrarem e não saber o que fazer com a nova informação.

Eu me encontro e minutos depois ja me perco. Uma incessante busca de algo que não sei muito bem o que e. Sei que sigo em frente em direção a uma resposta. Quero saber qual e o significado da vida. Na minha opinião, e seguir indagando, explorando ate um dia finalmente encontrarmos a resposta. E com ela, mais de mil perguntas que ainda nem foram perguntadas. Daremos risadas altas! Ha! Nem sabíamos que não sabíamos! E ainda assim, não sera o fim.

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